Brasília, 12 se março de 2022
Pesquisa sobre as características dos queijos artesanais da região do Serro, que reúne 11 municípios localizados a cerca de 300 km a nordeste de Belo Horizonte, apresentou dados inéditos sobre sua qualidade, tipicidade e identidade.
O estudo avaliou aspectos de queijos artesanais do Serro ao longo do seu processo de maturação, em condições ambientais. As cientistas realizaram análises físico-químicas, entre elas, a proteólise – que avalia as alterações proteicas que ocorrem durante a maturação dos queijos – considerada importante para avaliação da qualidade do produto. Da mesma forma, foram analisados parâmetros de umidade, relacionados às características particulares dos queijos e das condições dos locais de maturação do produto. “Os resultados foram surpreendentes: indicaram que cada propriedade rural da região possui um microclima diferente, que influencia na maturação e no terroir do queijo. Além disso, com a variação de temperatura e umidade ao longo do ano, os queijos produzidos no inverno se mostraram diferentes daqueles fabricados no verão”, conta Juliana Carneiro, doutora em Alimentos e Nutrição pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Carneiro conduziu a pesquisa sob orientação da professora Maria Gabriela B. Koblitz, da Unirio, e da pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) Ana Carolina S. Doria Chaves.
Também foi avaliada a influência da etapa de lavagem da casca nas características finais do produto, em termos de segurança e qualidade para o consumo. “As análises microbiológicas indicaram que não houve variação ao longo do tempo de maturação, ou seja, os queijos que já estavam seguros para o consumo desde o primeiro dia continuaram assim ao longo do tempo”, afirma a pesquisadora da Embrapa Ana Carolina Chaves.
De acordo com a legislação estadual vigente, o queijo minas do Serro, por ser produzido com leite cru, deve ser maturado na propriedade de origem por, pelo menos, 17 dias.
Uma forma típica de receber visitas no Brasil
Café com queijo minas artesanal. A forma típica de receber visitas no meio rural em Minas Gerais carrega uma tradição reconhecida como patrimônio imaterial pelo Instituto Histórico Nacional (Iphan): o modo de produção artesanal de queijos.
Aqueles produzidos nas regiões montanhosas do Serro em Minas Gerais também receberam o registro de indicação geográfica (IG) do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que garante a exclusividade no uso dessa denominação para os produtores de queijos artesanais da região. Inicialmente eram dez municípios da Serra do Espinhaço, que pertenciam à região do Serro. Atualmente são 11 cidades.