Por: Claudia Godoy
Para Singapura, a economia e a saúde pública estão entrelaçadas, conectadas. “Se sacrificarmos a saúde pública para estimular a atividade econômica, eventualmente o colapso do sistema de saúde afetará nosso bem-estar econômico”, diz o Chargè d’Affaires da embaixada singapurense, Desmond Ng.
O diplomata acrescenta que para sustentar a economia durante a pandemia, Singapura utiliza seus recursos fiscais para financiar o estímulo emergencial para apoiar os negócios e empregos locais. “Isso incluiu transferências diretas de dinheiro para os cidadãos e também assistência financeira às empresas para garantir a retenção do emprego”, garantiu o Chargè d’Affaires da embaixada singaourense.
Até agora, o governo de Singapura comprometeu um total de 70 bilhões de dólares americanos para amortecer o impacto da pandemia na economia. “Agora, é claro, como em muitos países, nossa economia sofreu em 2020 e tivemos um PIB negativo de 5,8%”, lembrou Ng, acrescentando que “estamos administrando a situação relativamente bem graças aos nossos recursos fiscais e esperamos e acreditamos que em 2021 veremos alguma melhora em nosso PIB”.
Além disso, as autoridades têm sido muito transparentes com o público desde o início em relação ao número de infecções, o número de mortes e também sobre outras informações relevantes. “Nossos líderes se dirigiram diretamente ao público em várias ocasiões para fornecer atualizações”.
O próprio primeiro-ministro singaourense, Lee Hsien Loong (foto), foi para a televisão para receber sua vacinação e encorajar todos a fazerem o mesmo. “Para nós, isso cria uma atmosfera de confiança, onde as pessoas têm confiança nas políticas do governo”, garantiu Ng.
“Em Singapura, valorizamos a solidariedade social quando se trata de garantir o bem-estar geral da sociedade. E acho que ajuda a explicar porque Singapura, incluindo alguns outros países asiáticos, foi capaz de lidar com a pandemia razoavelmente bem”, afirmou .
Já o ministro das Relações Exteriores de Singapura, Vivian Balakrishnan (foto), fez uma observação muito importante recentemente: ele disse que a covid veio para ficar, não irá embora.
“Portanto, os países têm de lidar com isso, como lidamos com tantos outros vírus que surgiram e desapareceram ao longo da história”, disee Ng, acrescentando a covid é um desses vírus novos, “mas veio para ficar e, portanto, não podemos voltar à era pré-pandêmica. Temos que lidar com esse vírus e aprender a conviver com ele. Nós o derrotamos, para que possamos viver nossas vidas com segurança”.
O livre comércio para Singapura é uma forma de trabalharmos juntos e cooperarmos ainda mais. “Por exemplo, acho que a gente olha o que está acontecendo com o abastecimento das vacinas. Muitos países, eu diria que são os países mais desenvolvidos, estão fazendo o possível para doar e dar vacinas aos países menos desenvolvidos, e eu diria que este é um ótimo exemplo de cooperação multilateral entre países que ajudam uns aos outros”, lembrou o Chargè d’Affaires de Singapura.
O diplomata adicionou: “porque, ajudando uns aos outros, ajudamos a nós mesmos também. Como dizemos, ninguém está seguro até que todos estejam seguros. Todos os países têm que lidar com a pandemia, manter o comércio internacional aberto, manter as cadeias de abastecimento globais conectadas exige cooperação entre os países”.
Sobre as relações com o Brasil, Ng afirmou estar muito feliz em afirmar que as trocas comerciais de Singapura e Brasil nunca pararam realmente, apesar da pandemia. “O Brasil continua a exportar seus alimentos, sua comida para Singapura e continuamos a comercializar e de uma forma que o comércio bilateral aumentou”.
O diplomata disse acreditar que “precisamos fazer isso e, ao mesmo tempo, devemos estar comprometidos com a cooperação”. Uma maneira, ainda segundo o Chargè d’Affaires, é garantir que haja vacinação suficiente para que todos os países e todos os cidadãos sejam vacinados com segurança, e então possamos abrir nossas economias.
“Aos poucos, com segurança, e isso só pode ser feito se a população for vacinada. E, a esse respeito, desejo sinceramente tudo de bom”, afirmou o diplomata. Ele lembrou que o Brasil é um país enorme, com 210 milhões de pessoas, então vai demorar um pouco. “Mas tenho confiança para ver isso, para acreditar que o Brasil vai ter todos os seus cidadãos vacinados e acreditamos que vocês podem fazer isso até o final do ano. E isso permitirá que empresas e pessoas se movimentem com mais liberdade. Para que a economia fique mais normal”, disse.