Um grupo de seis ex-chanceleres brasileiros divulgou, neste domingo (20), uma nota com críticas à visita do secretário de Estado norte-americano, Michael Pompeo, às instalações da Operação Acolhida, em Roraima, na fronteira com a Venezuela. Assinam o documento o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi chanceler no governo Itamar Franco; Francisco Rezek, do governo de Fernando Collor; Celso Lafer, Collor e FHC; Celso Amorim (governos Itamar Franco e Lula), José Serra e Aloysio Nunes Ferreira (governo Temer).
No documento, eles endossam as críticas feitas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao encontro entre Pompeo e Ernesto Araújo.
“Foi uma alegria receber e acompanhar o secretário Pompeo ontem em Boa Vista. Tivemos um dia muito produtivo, fortalecendo diálogo em áreas onde Brasil e Estados Unidos já cooperam e debatendo sobre mais oportunidades para avançarmos juntos. Seguiremos trabalhando em parceria!”, disse o embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapman.
O embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapman em Roraima. Foto: Embaixada dos Estados Unidos.
“Estou orgulhoso que o secretário Pompeo anunciou mais US$ 30 milhões em apoio aos esforços humanitários no Brasil, um apoio total de quase US$ 80 milhões só no Brasil. A Venezuela e seu povo merecem o fim deste sofrimento, através da restauração pacífica da democracia”, acrescentou.
Leia a íntegra da carta
Responsáveis pelas relações internacionais do Brasil em todos os governos democráticos desde o fim da ditadura militar, os signatários se congratulam com o Deputado Rodrigo Maia, Presidente da Câmara dos Deputados, pela Nota de 18 de setembro, pela qual repudia a visita do Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, a instalações da Operação Acolhida, em Roraima, junto à fronteira com a Venezuela.
Na qualidade de Presidente do órgão supremo da vontade popular, o Deputado Rodrigo Maia foi o intérprete dos sentimentos do povo brasileiro ao constatar que tal visita, “no momento em que faltam apenas 46 dias para a eleição presidencial norte-americana, não condiz com a boa prática diplomática internacional e afronta as tradições de autonomia e altivez de nossas políticas externa e de defesa”.
De igual forma que o Presidente da Câmara dos Deputados, os signatários se sentem no dever de reafirmar o disposto no Artigo 4º da Constituição Federal, em especial os seguintes princípios pelos quais o Brasil deve guiar suas relações internacionais: (I) Independência nacional; (III) Autodeterminação dos povos; (IV) Não-intervenção e (V) Defesa da Paz.