O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que hoje (11) foi criada a primeira vacina contra a Covid-19. “Mesmo que eu já saiba que ela (a vacina) funciona de maneira bastante eficaz, cria uma imunidade estável e passou todos os testes necessários. Vamos escutar ao Sr. Ministro, ele vai contar sobre isso do ponto de vista profissional. Por favor”, disse Putin.
Putin pediu, então, ao ministro da Saúde russo, Mikhail Murashko, para explicar, durante reunião virtual, os detalhes do desenvolvimento da vacina. O ministro da Saúde afirmou que os cientistas russos responsáveis pela vacina contra a Covid-19 já produziram antes vacinas contra o ebola e outros tipos de coronavírus, além de MERS (Síndrome Respiratória do Médio Oriente), uma doença respiratória contagiosa.
A vacina russa foi batizada com o nome de Sputnik V em homenagem ao primeiro satélite lançado ao espaço pelos soviéticos em 1950. O “V” é de vacina. Ela utiliza vetor viral não replicante, ou seja, utiliza vírus que não pode se reproduzir para carregar o RNA, material genético do coronavírus. Assim, o corpo humano produz os anticorpos para enfrentar a infecção antes do contato com a doença.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomendou “prudência” e questionou a rapidez do anúncio. Os técnicos avaliam que seriam necessárias a segunda e terceira etapas de testes da vacina com voluntários. Com os testes feitos pela Rússia eles analisaram que não é possível saber, por exemplo, quanto tempo dura a resposta imune. A OMS informou, ainda, que faltam publicações de artigos científicos com resultados de testes da vacina.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que ainda não recebeu pedidos para avaliar a aplicação ou pesquisa da vacina russa no Brasil. O Brasil tem dois acordos para participação na vacina contra a Covid-19. Um dos acordos é com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, e outra com a China.
Nesta semana, o governo do Paraná volta a negociar com o governo russo um acordo para garantir a vacina.
Leia a nota publicada pela embaixada da Rússia:
Vladimir Putin:
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Que eu saiba, hoje de manhã, pela primeira vez no mundo, foi registrada a vacina contra COVID-19. Portanto, peço que o Ministro da Saúde, Mikhail Murashko, nos informe mais detalhadamente sobre ela, mesmo que eu já saiba que ela funciona de maneira bastante eficaz, cria uma imunidade estável e passou todos os testes necessários. Vamos escutar ao Sr. Ministro, ele vai contar sobre isso do ponto de vista profissional. Por favor.
Mikhail Murashko:
Excelentíssimo Sr. Presidente!
Deixe-me informar que foi realizado o registro estatal da primeira vacina contra a COVID-19. Logo após o anúncio da pandemia do novo coronavírus SARS-CoV-2 pela OMS, o Centro Nacional de Pesquisas Epidemiológicas e Microbiológicas Gamaleia do Ministério da Saúde da Rússia, utilizando a experiência e a tecnologia testada da produção dos vetores adenovirais, iniciou o processo de desenvolvimento de uma vacina para a profilaxia da COVID-19.
Queria destacar que ainda nos anos 1990 os cientistas do Centro Gamaleia realizaram os primeiros testes de criação de preparados genoterapéuticos, e o desenvolvimento posterior nesta área permitiu criar uma plataforma universal para o desenvolvimento das vacinas contra diversas doenças infeccionais. De acordo com a tarefa do Ministério da Saúde, com base nesta plataforma os especialistas do Centro Gamaleia já desenvolveram 6 vacinas que estão em diferentes etapas de circulação na Federação da Rússia, inclusive as que estão sendo registradas. Entre os exemplos mais emblemáticos foi a criação da vacina contra Ebola e contra um outro tipo do coronavírus, MERS.
Assim, cabe sublinhar que até o início da pandemia da COVID-19 os especialistas do Centro Gamaleia do Ministério da Saúde já tinham uma plataforma tecnológica pronta com eficácia e segurança comprovadas. Isso permitiu que um grupo de pesquisadores, chefiado pelo acadêmico Gintsburg e com participação dos especialistas do Ministério da Defesa <…>, criou rapidamente uma vacina contra a COVID-19.